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JOGOS COOPERATIVOS como práticas vivas para inclusão

Rafaela Lemos Pinheiro

Muitas vezes, os debates sobre Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) ficam restritos a conceitos, protocolos ou políticas institucionais. São fundamentais, sem dúvida. Mas a transformação real acontece quando atravessa o corpo, as relações e o cotidiano.

É aí que os jogos cooperativos podem se revelar como práticas vivas de DEI.
Mais do que dinâmicas lúdicas, eles são experiências que ativam cooperação, escuta, confiança, criatividade e, sobretudo, a consciência de que ninguém sustenta vínculos profundos nem produz processos ou resultados significativos de forma isolada.

Num jogo cooperativo, todas as pessoas importam — e podem ganhar juntas.
No jogo competitivo, reflexo direto do nosso sistema social, é cada uma por si, ou um grupo privilegiado definindo ideias e metas para todas as outras pessoas. Já no jogo cooperativo, são pessoas criando juntas com o propósito do bem comum. O centro se descentraliza. E, quando isso acontece, todas as pessoas contam — e não apenas isso: somam.

Quando todas as pessoas somam, a diversidade e a equidade deixam de ser um “tema” e passam a ser vivência — experiência em comunidade. Um grupo avança mais quando o poder da diversidade está presente em seus múltiplos ritmos, potências, competências e formas de participação. Ao invés de buscarmos a tal “inclusão” como concessão, podemos implodir o sistema que exclui e abrir espaço para a explosão da expressão diversa e coletiva — essa sim, uma força transformadora.

Ao longo da história, nosso mundo foi separando, classificando e tornando o jogo desigual. O poder de várias populações foi diminuído em nome do avanço de poucas. Jogos cooperativos podem oferecer a possibilidade de rever essa lógica. São movimentos que podem desconstruir fronteiras invisíveis, restituir vínculos e abrir espaço para uma convivência baseada no compartilhamento.
Eles não falam sobre inclusão — vivenciam o pertencimento. E convidam a perceber que o jogo social em que vivemos pode, sim, ser reimaginado.

O jogo é também reencontro. É terreno fértil para a alegria, a ludicidade, a empatia. É pela via do afeto que muitas vezes conseguimos tocar dores profundas e transformá-las. Brincar, com consciência, é transformar o peso do mundo em possibilidade. E, dessa possibilidade, criar novas soluções — cooperativas, regenerativas, humanas.

Rafaela Lemos Pinheiro
Consultora em Metodologias Colaborativas e Justiça social, colaboradora do Projeto Cooperação.

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