Carla Albuquerque
Uma criança pode chegar a formular 300 perguntas por dia. Essa quantidade varia conforme o estudo, mas certamente você já lembrou de alguma criança “perguntadeira”. Responder muitas perguntas pode ser tão cansativo quanto importante. Por isso, vamos navegar no porque e como ativar o modo perguntador.
Muitas destas formulações não são verbalizadas, ficam povoando a mente da criança de suposições e pensamentos, outras são verbalizadas e muitas geram uma ação de descoberta. Todas contribuem para que se aprenda sobre tudo que está ao alcance dos olhos (e demais sentidos) e da imaginação. Se perguntar é nossa primeira e mais importante forma de aprendizado, por que deixamos de perguntar?
Parece que à medida que crescemos, vamos nos abastecendo de respostas, muitas coisas deixam de ser novidade, cresce nossa crença de que já sabemos muito e nossa curiosidade diminui. A pergunta surge na mente e já entregamos algum conteúdo que temos armazenado que parece respondê-la. Ora, juntando a vida corrida e uma cultura que nos pede para sermos ágeis e exímios sabedores, reduzimos ainda mais nossa capacidade de questionar.
O ponto é: perguntar é muito importante! É um convite à exploração, a nos conectar com mais profundidade e amplitude ao tema. Uma oportunidade de perceber o que não sabemos, a nomear o que nos inquieta. Quando feito coletivamente, tudo isso é partilhado e o efeito se amplia. A pergunta de uma pessoa cresce a partir de outra e o acesso á inteligência coletiva se faz presente. Descobrimos o que sabemos em conjunto e criamos a oportunidade de nos abastecer do saber da outra pessoa. E tendo consciência do que não sabemos em conjunto, reconhecemos nossos desafios comuns reais. Aqueles que precisam ser supridos para alcançar os objetivos e metas traçados.
Por isso abordagens de design colaborativo, comumente incluem a geração de perguntas para exploração da problemática. Nosso design colaborativo, baseado na Pedagogia da Cooperação e metodologias colaborativas (tecnologias sociais), explora a formulação individual e coletiva de perguntas como uma etapa fundamental para o desenho de soluções e projetos. Essa etapa culmina na seleção das perguntas norteadoras ou mesmo no desenho de um percurso de desenvolvimento da solução a partir da organização das perguntas.
E tudo isso começou no ato natural de pergunta das crianças, que é adormecido na vida adulta, lembra? Por isso o primeiro passo é ativar o exercício de perguntar. Como? Com ludicidade! Existem muitas formas de despertar para o poder da pergunta e as mais potentes são as que despertam a criança que te habita, afinal ela é uma exímia ‘perguntadora’.
Experimente o jogo “Censo no sense” para ativar seu modo perguntador.
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Por Carla Albuquerque
Carla Albuquerque é colaboradora do Projeto Cooperação, co-fundadora de Coletivamentes, co-organizadora e co-autora do Livro “Pedagogia da Cooperação, por um mundo onde todas as pessoas possam VenSer“.